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segunda-feira, 28 de março de 2011

(sem nome)

"Tu trabalhas aqui?

- Toda gente tem que trabalhar, não é? Eu arranjei um bom trabalho, passeio e conheço pessoas novas. Quem quer bons trabalhos arranja-os, não é?

- E como arranjaste este trabalho?

- Foi fácil. Foste tu, o cenário é teu e eu faço parte dele

- Eu?

- Ainda não percebeste,o que estás aqui a fazer e como vieste aqui parar?

- Não, nem por isso.

- Não vou estragar isso então. Deixo isso o genérico final, juntamente com uma banda sonora especialmente temperada com muitas lágrimas de despedida. O próximo vai ser muito divertido... o homem que sabe tudo, desafio-te acabar as frases com ele, é uma batalha perdida.

- É mal disposto?

-Não sei se percebi essa tua associação mas não, nada disso, muito pelo contrário é muito divertido.  Imagina o que é  falar com um espelho. Antes de acrescentares uma vírgula à ideia já sabes como será o ponto final. Não há improvisos.... a fala secou e mente gelou. 

- Porquê?

- Porque ele simplesmente sabe tudo.

Calei-me, percebi que não iria saber muito mais pelo bola de pelo. Sabe tudo….já vamos testar isso. Ninguém pode saber tudo. Quem é que consegue olhar para si e definir-se com um total rigor? Nem com ajuda de um compasso podemos definir com rigor aquilo que está na nossa periferia.  

E lá estávamos nós, regados com o luar à procura do tal sabichão. A fome apertava...sabíamos que tínhamos os passos contados, eventualmente a fome iria acabar com a nossa a marcha. Subimos a uma árvore e pedimos emprestadas umas maças enquanto apelávamos a entidades superiores o requinte de uma bela refeição. Contudo as preces não foram ouvidas, perderam-se pelo caminho e assumimos derrota... lá terá que ser o fruto do pecado. E com esta resignação contraiamos quase dois mil anos de saberes... o fruto proibido nem sempre é o mais apetecido. Descansamos abraçados por uma fogueira, ali plantada pela imaginação. O Gomo adormeceu assim que paramos, fiquei na minha companhia... e como o sono tardava em aparecer decidi convidar as dúvidas do momento e apresenta-las à excitação do dia para passarmos uma bela soirée improvisada .

Quem seria esse tal homem? Será que ele sabe mesmo tudo? Mas tudo? Tudo de quê? De história? De matemática? De quê?

Foi então, que uma mão pôs um súbito término a toda a minha actividade mental.
-Olá

-Quem és tu? O que queres?-respondi assustado.

-Calma. Está tudo bem.

- Tu és…

- Sim, sou eu.

- Então tu é que …

- Sei tudo, sim é verdade. Isto algum dia tinha que começar, eu simplesmente fiz o possível para isso.

- Não me deixas…

- Acabar as frases, é um vício antigo, desculpa.

Era incrível, mas não preciso de falar mais, eu sabia quem ela era. Debrucei-me então na resposta…
- Tu és mesmo...

- O fruto proibido nem sempre é o mais apetecido.

- Um espelho... tu existes.

- Escolhi a maça mas podia ser uma banana ou uma pêra.

- Sim é verdade,eu existo com ou mais força, sem fé com pouca fé ou com sacrifício, sou eu.
 Só existo porque tu existes, a tua vida prolonga a minha eternidade. No dia em que eu acabar deixará de existir a palavra eternidade nos dicionários, não fará sentido será uma...
- Hipocrisia pegada.

- Sim, uma hipocrisia pegada, o fim do mundo. 

- És mesmo um espelho.

- E já te vi espremer muita borbulha nele. "


Foi a primeia história que contei alguém, comecei a escrever isto paí com 14 anos e acabei por volta dos 18.
Pode ser lida na edição deste mês da revista 365.

É a minha segundo texto publicado ehehe.

Estou aberto a possíveis títulos





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